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Pussy Riot: “Os direitos LGBT devem ser um dos temas principais da Rússia”

“Pussy Riot” é o nome de uma banda punk-rock radical feminista que realiza as suas performances nos transportes públicos, ao olhar dos transeuntes e passageiros. As três membros da banda Maria Alekhina, Nadezhda Tolokonnikova e Ekaterina Samutsevich sempre defenderam que as questões relacionadas com os direitos LGBT, o feminismo e ecologia deveriam ser os temas principais da Rússia.

No entanto, a própria oposição ao Governo recusa apoiar estes temas afirmando: “Como podem pensar no feminismo, quando Putin está no terceiro mandato?!”

Após a actuação na Catedral de Cristo Salvador (Moscovo) em Março último as Pussy Riot foram detidas. Desde então têm cada vez mais apoiantes e acções de protesto internacionais. Portugal não foi excepção.

Red Hot Chilli Peppers, Faith No More, Madonna, Stephen Fry, Peter Gabriel, Patti Smith, Peaches, Danny DeVito e muitos outros músicos, compositores, escritores, actores e figuras públicas de todo o mundo já expressaram palavras de apoio às Pussy. Este semana Yoko Ono escreveu uma carta aberta ao Presidente do país: “Sr. Putin, é um homem sábio. Não precisa de lutar contra os músicos e os seus defensores. Por favor, LIBERTE AS PUSSY RIOT! E deixe as prisões para os verdadeiros criminosos!”

Porque existe este processo judicial? E o que o governo russo espera dele? A resposta é simples: autocracia, ortodoxia, nação. Exactamente isso. Porque neste processo está acontecer um apelo à Rússia do princípio do século XX.  Interminavelmente está a ser veiculada a ideia de que o Putin não é bem um presidente, mas sim, uma criatura sagrada, é um monarca escolhido, é a pessoa - mais propriamente dita - o pai da nação. E é por isso, que insultá-lo, é o mesmo que insultar os sentimentos dos crentes. É essa conclusão lógica que sai deste processo judicial. As Pussy Riot afirmam que “este é um processo político”. E de facto é. Reparem, se elas cantassem: “Nossa Senhora, salvai Putin” em vez de “Nossa Senhora expulsa o Putin” não existiria nenhum processo judicial. Uma das protagonistas desta banda musical, Katia Samucevich, foi entrevistada durante a prisão preventiva e à questão sobre o seu posicionamento profissional ela respondeu: “Sou uma artista política”. Aliás, todo o punk-rock, ou a maior parte desta música, é extremamente politizada e abrange os problemas principais da sociedade.

 

O descontentamento social, e em primeiro lugar o descontentamento socioeconómico, está a crescer em todas as cidades russas. Se acontecer uma segunda onda de crise económica, então o poder tem medo que as exigências económicas e sociais influenciem exigências políticas. E a oposição política não-governamental irá ganhar maior expressão. Exactamente para contornar essa situação torna-se necessário decapitar qualquer protesto no seu princípio, como é exemplo de amedrontar quem não concordar com o poder. Quem observa o caso acredita que o actual pensamento político seja: “Vocês resolveram fazer uma acção política, como as Pussy Riot na Catedral? Então vão ser presos. Vocês estão a dizer que no poder estão os ladrões e trapaceiros, como em caso de Navalniy [um dos líderes da oposição russa detido no fim de Julho]? Então iremos untá-lo com a mesma acusação e os encarceramos…”

Na Rússia existe já mais de um milhão de presos. Alguns conseguiram fugir para o estrangeiro à procura de auxílio político, como no caso dos activistas LGBT do Maxim Efimov, que está neste momento na Polónia, ou Alexey Kiselev que emigrou para a Espanha. As raparigas das Pussy Riot são mais um alvo. Putin está praticamente há uma década no poder. Este processo tornou-se emblemático e mostra-nos, com clareza, até onde pode ir o sistema judicial russo.

Na quarta-feira passada a juíza Marina Sirova ouvindo as últimas palavras das protagonistas anunciou uma pausa e marcou a leitura da sentença para o dia 17 de Agosto. As Pussy Riot podem ser condenadas a sete anos de prisão.

 

Alexandre Iourtchenko

 

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