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Conchita Wurst: "Eu amo o que faço e isso faz mudar tudo"

Conchita Wurst Lisboa entrevista.jpg

Muitos consideram-na uma diva, mas ela, por sua vez, aponta a avó como a sua primeira diva, conforme revelou ao dezanove.pt. Avó, cujas raízes assentaram no fim da Segunda Guerra Mundial, em Portugal, mais rigorosamente em Lisboa.

Nesta primeira vinda ao nosso país, Conchita Wurst  foi notícia em vários meios de comunicação portugueses. Mesmo antes de aterrar em Portugal,  viu-se, sem saber, envolvida em polémica. Que importância dá aos comentários homofóbicos que a querem reduzir a uma mera “mulher barbuda”?

A personagem Conchita Wurst, identifica-se como uma drag queen que usa a sua exposição pública para defender o que acredita, num mundo onde o respeito e o amor devem ocupar os lugares cimeiros.

O dezanove.pt planeou fazer, precisamente, 19 questões à vencedora do festival da Eurovisão, mas a conversa fluiu e conseguimos fazer algumas perguntas extra junto daquela que é uma verdadeira inspiração para a legião de fãs que a acompanhou ao vivo no passado Sábado 22 de Agosto, em Lisboa, bem como para todos os outros fãs que a acompanham através da internet, da televisão ou de um sistema de som.

Chegou a hora de leres a entrevista completa a Conchita Wurst:

 

dezanove:  Erguer-se das cinzas como uma fénix é uma das mais poderosas mensagens da mitologia grega. É mesmo preciso ser forte para visitar dezenas de países, comemorações do orgulho LGBT, actuar em programas de televisão, festivais, ter marcado presença nos Globos de Ouro ou no Life Ball…  Quando arranja tempo para descansar?

Conchita Wurst: A minha vida é bastante equilibrada. Tenho bastante tempo livre. E o que estou a fazer para mim é um privilégio o que não exige um esforço descomunal. Por isso não estou assim tão, tão exausta. Estou a fazer aquilo que mais gosto. Como é óbvio todos nós estamos exaustos depois de um dia longo, eu também estou. Mas repito, não acordo de manhã e digo: “Oh meu Deus, não quero fazer isto”. Não é isso. Eu amo o que faço e isso faz mudar tudo. Eu consigo arranjar bastante tempo livre para mim, onde não me tenho de vestir assim como uma drag queen completa.

 

Nunca imaginou o que viria depois de ganhar o Festival da Eurovisão? Que iria visitar tantos países, tantos lugares?

Em primeiro lugar eu não esperava ganhar. Corrijo, eu nem me atrevia a sonhar que poderia ganhar, mas ganhei. E tudo o que veio depois disso é inacreditável. Valorizo muito toda esta experiência. É um privilégio poder visitar tantos lugares no mundo.

 

Que países lhe falta visitar?

Acho que já visitei todos os continentes até agora. Mas há muitos países que ainda não visitei...

 

Brasil?

Como o Brasil, exactamente. Mas para isso tenho de aprender a falar português (risos).

 

É impossível não ficar com “pele de galinha” quando se ouve o tema “Rise like a Phoenix”…

Obrigada por dizer isso.

 

Ainda se sente emocionada quando interpreta o tema?

Sim! Esta vai ser a minha canção para sempre. Eu adoro-a! Não me canso de a cantar e se algum dia ficar cansada reinvento uma versão para a refrescar.

 

A comunidade LGBT adoptou-a como um ícone. Como se sente ao ser considerada uma mãe de milhões de pessoas em todo o mundo? 

Ainda bem que coloca a questão dessa forma. Exactamente! Eu nunca disse que era um ícone que queria ser uma porta-voz. É uma honra que tenha acontecido. Apenas falo sobre o que acredito. Uso a minha visibilidade, como por exemplo esta entrevista, para alcançar muitas pessoas. Considero que o respeito e provavelmente a liberdade estão relacionados com conhecimento e consciencialização. É isso que tento criar para que as pessoas percebam o que é a comunidade LGBTI.

 

Muitos jovens LGBT pedem-lhe ajuda ou conselhos?

Sim, tenho muitas pessoas que me pedem conselhos. Depende muito da situação em que estas pessoas se encontram. Na maioria das vezes é difícil para mim pois não conheço a verdade última da situação. Só posso dar conselhos a partir da minha perspectiva pessoal o que pode não ser necessariamente útil para todos. Mais uma vez: Depende do assunto pelo qual me abordam e se for algo sério encaminhámo-lo para pessoas ou serviços especializados.  

 

Como lida com o discurso de ódio online quando se refere a si ou ao seu trabalho?

Sou muito deselegante. Simplesmente não quero saber.

Entrevista Conchita Wurst.jpg

Agora é a vez de algumas perguntas relacionadas com os temas do seu álbum. Quem são os seus heróis?

A minha mãe e a minha avó. Não me interpretem mal, eu adoro o meu pai. Mas mãe é mãe e a minha avó foi a primeira diva que conheci. As mulheres fortes em geral são as minhas heroínas. Acho que há uma certa semelhança porque toda a comunidade LGBTI sente um certo fascínio pela força das mulheres. Tenho isso em comum com a comunidade LGBTI.

 

Tem alguém que ame neste momento?

(Risos) Amo os meus amigos, a minha vida... eu sei que não é a resposta mais interessante para se dar. Neste momento não me encontro numa relação romântica com ninguém, se era esta a questão.

 

Por que compara o seu coração a uma tempestade de fogo?

Porque sou uma pessoa muito emotiva. Sinto-me apaixonada pelo que faço. É por causa disso que provavelmente escolhi um nome espanhol…

 

…Pasión!

Exactamente! No Sul vive-se mais com o coração.

 

O que nos pode dizer mais sobre o seu novo álbum?

 O que adoro no meu disco, para além do facto de ser o primeiríssimo, é este que é muito colorido. Penso que cada pessoa que o ouve pode encontrar nele uma emoção que a guie. Pelo menos é assim que eu o vejo.

 

Que objectivo gostaria de alcançar dentro de um ano?

Tenho tantos planos e coisas de que não posso falar… Bem, mas vou dizê-lo. Quero mesmo que o próximo álbum seja mais pessoal. Neste não escrevi nenhuma das letras e quero mudar isso no próximo.

 

Estivemos mais de um ano à sua espera em Portugal. Por que demorou tanto tempo para vir cá?

Agradeço a vossa paciência. Sempre esteve previsto, mas só agora conseguimos agendar. E estou muito feliz por isso. Sabe que tenho uma ligação muito pessoal a Lisboa. A minha avó cresceu cá no fim da Segunda Guerra Mundial.           Eu nunca tinha estado cá. Ela fala fluentemente português, mas nunca me ensinou. Por isso, penso se ela se chatear é bem capaz de ralhar aos netos em português. De qualquer forma, agora estou cá e é muito bonito ver as imagens das histórias que ela nos contava.

 

Pode dizer-nos um pouco mais sobre a história da sua avó… Onde é que ela morava?

Ela vivia cá em Lisboa e cresceu com a família da Confeitaria Nacional. A minha avó contou-me que na altura não era permitido falar alemão por isso é que fala português tão bem.

 

Porquê o Trumps? Por que decidiu aceitar o convite da principal discoteca gay de Lisboa?

Bem, não sei, quer dizer… eu própria adoro sair à noite. E este foi um convite encantador. Pensei que encaixava bem com todas as outras coisas que planeamos fazer cá. E é uma discoteca de que toda a gente gosta, certo? Por isso é perfeito!

 

Teve a oportunidade de desfrutar algo de Lisboa? Qual foi a primeira impressão que teve quando chegou?

Em primeiro lugar tive a sensação de que já cá tinha estado devido às histórias que a minha avó contava. Ainda não tive tempo de ver a parte cultural ou a arquitectura. Mas quero fazê-lo porque sou obcecada com arquitectura. Nas paredes das casas existem uns…  só me lembro da palavra em alemão…

 

Azulejos

Isso! Adoro! Se pudesse cobria tudo com azulejos! (risos)

 

Gostava de ter um clube de fãs oficial em Portugal?

Adorava ter um! Eu tenho um cá?

 

Quem sabe. Talvez venha a nascer um cá.

(Risos)

 

Portugal deu-lhe 12 pontos na final da Eurovisão... tem por cá muitos fãs.

Sim, eu sei. Muito obrigada mais uma vez!

 

Porque faz ponto de honra em manter a tradição de encontrar os seus fãs (meet and greet) nos sítios por onde passa?

Porque apesar do facto de estar completamente assoberbada e haver muitas pessoas que me sabem o meu nome em sítios em que eu nunca estive, isto só por si é avassalador. Eu recebo coisas tão bonitas, não estou a falar de prendas ou objectos materiais. Falo dos fãs que passam tanto tempo a criar coisas por minha causa, a investir o seu tempo em mim… isto é apenas um bocadinho daquilo que eu posso fazer de volta. E eu adoro falar com os meus fãs. Sem eles, nós pessoas do mundo do espectáculo não seríamos ninguém.

 

Pode deixar uma mensagem para os seus fãs em Portugal e também no Brasil, que é o segundo país de onde temos mais leitores?   

Claro! Muito obrigada pelo vosso apoio e por me terem recebido aqui! E para os fãs unstopables brasileiros: preparem-se porque eu vou aí em breve! E como já disse: Muito obrigada! 

 

E agora a pergunta final: diga-nos um segredo...

Um segredo… uau…  deixe-me pensar.

 

Mas nós queremos saber um segredo em particular… a não ser que tenha outro que nos queira revelar.

(Risos) Não, tenho a certeza a vossa pergunta é bem melhor.

 

O segredo que queremos saber é: quando é que volta a Portugal?

Não sei mesmo quando voltarei, mas espero que não falte assim tanto tempo (risos).

 

Entrevista de Paulo Monteiro

Fotos de Luís Costa

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