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Henrique Pereira: “O dever da ciência é agir como motor da mudança social”

Arranca esta quinta-feira a primeira conferência internacional em Psicologia orientada para pessoas LGBT. O evento congrega durante três dias mais de 400 especialistas, estudiosos e interessados num tema que se reveste de especial importância e não só para a Psicologia. O dezanove.pt falou com o psicólogo e investigador Henrique Pereira, que é um dos organizadores do evento que decorre até Sábado no ISCTE, em Lisboa.

dezanove: Como se sente ao ver a a primeira conferência em psicologia orientada para pessoas LGBT materializar-se e ser uma das pessoas à frente da organização?

Henrique Pereira: Sinto-me muito satisfeito, pois a ideia partiu de uma necessidade sentida de dar visibilidade à Psicologia LGBT a nível nacional e internacional e, desde os primeiros esboços da ideia conjuntamente com o Pedro Costa, meu doutorando, que acreditámos que havia espaço no panorama internacional para este tipo de evento. A surpresa foi verificarmos que, não só estávamos certos, como também excedeu as nossas expectativas, ou seja, tivemos mais de 350 submissões de todos os cantos do mundo. Apesar de todo o esforço envolvido, a satisfação acontece também pela possibilidade de criar uma oportunidade de partilha de conhecimento e de conhecer pessoas de todo o mundo que têm em comum o interesse pela psicologia LGBT e áreas relacionadas.

 

Sendo inegável que ao nível legal têm vindo a existir evoluções face aos direitos das pessoas LGBT, ainda haverá um longo caminho a percorrer no campo social. Que contributos esta conferência poderá trazer?

Costumo sempre dizer que o dever da ciência é, precisamente, agir como motor da mudança social, através do conhecimento que produz e que deve ser disseminado. Esta conferência traz também um olhar amplo e profundo sobre a realidade das pessoas LGBT que é muito diverso, desde contribuições onde a homossexualidade é criminalizada, obrigando a falar do assunto desde uma perspectiva de direitos humanos, passando por questões de saúde, identidades, comunidades, até àquelas que têm sido faladas no nosso país ultimamente como a homoparentalidade. Os resumos dos conferencistas foram publicados numa revista de acesso público e serão também publicadas actas posteriormente. Temos muitos estudantes da área da psicologia e não só e toda esta partilha possibilitará a construção de uma Psicologia mais sensível e informada acerca das questões LGBT e, obviamente, mais correcta, nos seus procedimentos e práticas. O preconceito e a discriminação têm, na sua raiz, a ignorância. Assim, esta conferência ajudará, sem dúvida, a diminuir essa ignorância e, desta forma, contribuir para uma sociedade mais justa e informada.

 

Considera importante a existência de uma “Psicologia LGBT”, ou seja uma especialização dentro da Psicologia destinada a pessoas LGBT? Se sim, somente na investigação ou mesmo na intervenção, nomeadamente ao nível dos acompanhamentos psicoterapêuticos?

Sim, é muito importante. A formação nas áreas da sexualidade em geral ainda é muito deficitária nos curricula académicos portugueses. Isto faz com que muitos técnicos não tenham (in)formação adequada acerca destas temáticas, impedindo-os de fazerem uma intervenção adequada, ou seja, compreendendo que o problema é a homofobia, a bifobia e a transfobia e nunca a orientação sexual ou a identidade de género. Hoje em dia já existe um corpo de pesquisa suficientemente amplo (esta conferência é prova disso) que a criação desta disciplina é necessária e importante. A actuação do psicólogo com formação em Psicologia LGBT permite-lhe compreender melhor as problemáticas, entender os processos de coming out e desenvolvimento identitário, dificuldades ou necessidades que são específicas às pessoas LGBT, etc.

 

Ao olhar para o programa da conferência sente-se satisfeito?  Foi um caminho muito longo e difícil?

O programa reflecte toda a diversidade que existe no panorama internacional em relação ao que é feito na área da Psicologia LGBT e áreas relacionadas. Assim como na vida, é a diversidade que prevalece. Apesar de ter sido difícil organizar e gerir toda a informação, contactar com todos os conferencistas, muitos provenientes de partes remotas do globo, foi muito gratificante fazê-lo. Acredito que esta primeira conferência é mesmo um marco histórico do qual me sinto muito orgulhoso.

 

Entrevista de Rui Lopes Pedro


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