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O ser humano é influenciado por diversos estímulos que surgem de diversas fontes. Somos moldados pelo ambiente, pelo contexto de vida, pelas experiências a que estamos sujeitos, com os amigos, a família, os colegas de escola, os colegas de trabalho… Para além disso, uma das maiores fontes de influência na construção social e na forma como percepcionamos o que se passa à nossa volta são os meios de comunicação social.

 

Os media assumem, então, uma importância que não pode ser ignorada. Para muitas pessoas esta é a principal forma de acesso a factos, acontecimentos, histórias e imagens. Para além disso e, deveras perigoso, é por esta via que, também, se formam opiniões, reforçam crenças e estereótipos e se dá sentido a uma realidade social. Digo perigoso porque, efectivamente, o que se verifica a nível nacional, e não só, é que vivemos num paradigma em que a preocupação principal, por razões concorrenciais, por razões económicas, é a busca constante da atenção do espectador a todo o custo, muitas vezes ultrapassando-se alguns limites. Por isso, o jornalismo sensacionalista é cada vez mais comum. Sendo o objectivo captar a atenção das pessoas, escrever uma notícia dramática, que choca, que causa revolta, que apela aos sentimentos e emoções mais negativas é o ideal, mesmo que para isso os factos sejam deturpados. Se um determinado meio de comunicação social quer noticiar, por exemplo, desacatos num supermercado e na via pública, causados por uma pessoa num estado vulnerável e a precisar de ajuda, claro está que entenderá que é muito mais apelativo e que cativa mais a atenção das pessoas, se for feita menção ao facto dessa pessoa ter tentado violar uma criança de 6 anos, mesmo que isso não esteja, de todo, confirmado.

O jornalismo sensacionalista é cada vez mais comum. Sendo o objectivo captar a atenção das pessoas, escrever uma notícia dramática, que choca, que causa revolta, que apela aos sentimentos e emoções mais negativas é o ideal, mesmo que para isso os factos sejam deturpados.

Mais ainda, é muito mais apelativo dizer, dois dias depois, que a pessoa que provocou os supostos desacatos afinal é “transexual” e que “estaria nua da cintura para baixo”, assustando uma jovem de 16 anos, que afinal não tem 6, nem foi vítima de uma tentativa de violação. Sim, a descrição feita sobre esta notícia (que é real!) é confusa, mas reflecte a forma como efectivamente foi noticiada. E esta é a nossa comunicação social!

Estas e muitos outros tipos de notícias (essencialmente relacionadas com crimes, porque é o mais apelativo e gera mais audiência) surgem diariamente e têm levado ao reforço e manutenção dos estereótipos, ao pânico moral, ao ódio e ao sentimento de insegurança perante certos grupos. Se vivemos numa sociedade com um número considerável de pessoas transfóbicas, que não respeitam as que não seguem os padrões ditos normativos, notícias que fazem apelo, sistematicamente, ao facto de a pessoa em questão ser transgénero, servem como uma oportunidade para que a sociedade confirme as suas crenças e estereótipos: “não existem transexuais, são simplesmente doentes mentais” ou “é pena o SNS servir para isto e não para cuidar de quem necessita mesmo” (comentários à notícia anteriormente referida).

Estas e muitos outros tipos de notícias (essencialmente relacionadas com crimes, porque é o mais apelativo e gera mais audiência) surgem diariamente e têm levado ao reforço e manutenção dos estereótipos, ao pânico moral, ao ódio e ao sentimento de insegurança perante certos grupos.

Portanto, a verdade é que os media exercem poder e controlo sobre a sociedade, de forma mais ou menos consciente. Estes não dizem o que as pessoas devem pensar, mas são determinantes em definir sobre o que devem pensar, através da forma como os eventos, tópicos e indivíduos são destacados e representados. Assim sendo, cabe a cada um de nós deixar de ser acrítico e questionar as informações deturpadas e estereotipadas que nos tentam transmitir. Deixemos de ser humanos passivos!

 

Sara Lemos

 

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