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Onde está a comunidade LGBTQI negra de Lisboa?

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Já tinha dançado até “ficar encharcado em suor”, no bar 49 da ZDB. Já tinha visto grandes DJ’s e talvez noites menos dançáveis. Mas na festa “House of Didi” dei-me conta de outras camadas, que me fizeram repensar a cidade de Lisboa e o Bairro Alto.

A casa que o Diego Cândido tinha proposto era menos branca, menos hipster e menos mainstream. Porquê? Porque Lisboa foi construída como uma metrópole colonial e a sua urbanização ainda perpassa esse pensamento, segregando grupos, viabilizando mais uns que outros. Aquela pergunta que todos e todas já devem ter feito: onde está a comunidade LGBTQI negra de Lisboa? Onde é que vão sair?

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Conheci o DJ e Produtor Diego Cândido em eventos recentes sobre a visibilidade dos afrodescendentes em Lisboa. Este carioca, de 33 anos, trouxe na sua bagagem a experiência do Rio de Janeiro dos anos 80, dos bailes charme de house/disco passando pelo R&B dos anos 90 passando pelo afrobeat até ao samba. A experiência ou talvez, de forma mais correcta, “as memórias” de um Rio de Janeiro pós ditadura, das casas de travestismo do centro da cidade maravilhosa, da comunidade negra e crioula de uma cidade que se queria virar para o Mundo. Pensei que Lisboa poderia estar a passar por esta experiência. Acolher a sua diversidade na noite e na festa, no centro da cidade.

Claro que as influências desta visibilidade vêm de outros lugares e dos ecos de Nova Iorque, durante a era Reagan, onde os activismos negros queer foram capazes de derrubar o preconceito em relação ao VIH, em relação às sexualidades oprimidas, combater a discriminação, mostrar outras faces de uma luta cansada de opressão. Alianças feitas de conflito e de gritos na rua, mas também de armários e de crime. Não nos esqueceremos do que fomos sofrendo. O status quo foi quase sempre destabilizado por diásporas, como é o caso das propostas de Diego Cândido. “Promover e conectar artistas queer afrodescendentes em Lisboa e todxs os amantes do Vogue, do Funk, do Afrobeat, do Carnaval e demais manifestações culturais que celebram a identidade cultural africana em diáspora em sua diversidade”, refere na nossa conversa.

party

 

Abrir a casa à festa e que dela saiam discussões e amores, curas para uma cidade pós-colonial como Lisboa, aqui, entenda-se, tomado como um tempo cronológico que necessita ser confrontado. E que instrumentos mais poderoso do que a música e a dança para lançar esse debate.

A divulgação é feita através das redes sociais, para já, esse o território da casa imaginada a partir de uma ideia fundamental trazer e envolver, ocupar os locais de saída noturna do centro de Lisboa. A diversidade que os lisboetas dizem acolher e aceitar, agora, visível e como proposta politica. A música e a dança como instrumentos de resistência e visibilidade. Conforto e convivência é disso que se trata. “A casa é um ponto de acolhimento e de convivência. A ideia da House of Didi é estabelecer um ponto de convivência e acolhimento e um lugar seguro especialmente para pessoas negras LGBTQI em Portugal e que elas possam ter um espaço para dançar livremente, dançar as músicas que gostam e socializar”, explica Diego Cândido. A representatividade que faltava, um lugar de festa, mas de alegria performativa capaz de congregar a cidade segregada.

Vê aqui um excerto da última festa de 2019.

Não perder a chamada à casa de Didi no próximo dia 18 de Janeiro no bar 49 da Galeria Zé dos Bois, no Bairro Alto. Uma festa que é uma casa de acolhimento das diversas e outras realidades até agora afastadas do centro da cidade de Lisboa, do Bairro Alto.

Festa 18 de Janeiro na 49 ZDB

André Soares

Foto inicial: Paulo Liv (@opauloliv) 

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